No momento final, sequer pensava... Apenas sentia que mais gente estava comigo. Cheguei a murmurar: "vamos juntos Velho Otávio"... E, desconexamente, reforçava: "Vamos galera! Quem mandou me fazer ser teimoso assim... agora venham" (coisa de guarani se comunicando com os "tcheramoys"). Foi um transe, uma deliciosa tranposição para um estado em que o raciocínio não importava... só os sentidos, as sensações, os sentimentos.
Ao chegar no Uhuru (5.895 m/A - o topo da África), o guia só disse: "Eis o seu sonho". E, num lampejo de lucidez, saquei a bandeira que a Mayra me deu e posei para a foto.
Detalhe: nesta hora a adrenalina subiu, e me senti mais perto de todos aqueles que vieram comigo nesta insana empreitada e de Deus (bem, se pensarmos na extratosfera, de fato estava... mas a questão é de maior envergadura - a ser abordada oportunamente).
Seguramente, o que chegou naquele topo foi o mais próximo do meu núcleo, sem máscaras, apenas um corpo nu (o "homo saccer") buscando um mínimo de hijidez.
Não fiz isto para testar meus limites. Apenas para realizar um sonho, e ter a certeza de que todo sonho é possível, afinal, como diria o Che, "Numa revolução, se triunfa ou se morre, se for verdadeira."... Achenaling!
Este blog registra caminhos, culturas, personagens e impressões vivenciados durante um período sabático empreendido com o intento de conhecer os efeitos do nomadismo na experência humana. Seguramente se trata de repertório parcial, vinculado a escolhas acumuladas durante uma história pessoal pautada por descontinuidades e rupturas contundentes.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
KILIMANJARO - UHURU
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