No quarto dia, o objetivo era chegar a Kibo, a 4.700 m/A, tarefa cumprida sem grandes arroubos às 14 horas. No meio do trajeto, um infeliz encontro: a temida maca conduzindo um trekker, acometido de problema cardíaco desencadeado pela altitude.
A maior tarefa em Kibo era descansar o máximo possível, pois, por volta da meia noite, partiríamos para o "ataque final"... À tarde não consegui dormir e fiquei zanzando pelo local; depois da janta, tive um sono intermitente...
Viver é transpor as montanhas que se apresentam em nosso caminho! Começamos a subida e de pronto deu para perceber que a tarefa seria espinhosa. Um dos italianos, com início de "mal das alturas" retornou.
Após uns 500 m/A acima da nossa base comecei a sofrer de um sono mórbido. Chegava a cochilar nas pequenas paradas entre cada 140 ou 210 passos (contados).
Para me manter acordado comecei a pensar nas coisas que mais gostava, mas daí começava a sonhar (enquanto caminhava!); passei, então, a pensar nas coisas que me deram raiva na vida (e de vez em quando balbuciava um "esbravejo").
Em certo ponto falei para o guia que estava bastante difícil e ele me disse que era normal, completando: "O Gilman's Point [5.685 m/A] já garante o certificado... Vamos, é o seu sonho". Pensei: "Quem disse que eu quero certificado!... Não vim aqui por causa disto!" - e tomado por um misto de raiva e brio aumentei o passo. Nem quis parar no Gilman's Point.
Este blog registra caminhos, culturas, personagens e impressões vivenciados durante um período sabático empreendido com o intento de conhecer os efeitos do nomadismo na experência humana. Seguramente se trata de repertório parcial, vinculado a escolhas acumuladas durante uma história pessoal pautada por descontinuidades e rupturas contundentes.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
KILIMANJARO - KIBO
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