sábado, 15 de outubro de 2011

ENTRE TRÓIA E ÍTACA

Há muito que reflito sobre a Ilíada, principalmente sobre o desfecho da guerra relatada. Enquanto alguns consideram como a síntese da traição, e outros, o resumo da astúcia, para mim o Cavalo de Tróia representa o quanto a vaidade pode ser a maior inimiga de indivíduos e coletividades.
Menelau foi vaidoso, pois pensou que por ser irmão de Agamenon (líder grego), não precisava dedicar-se ao lar. Páris, por capricho e valendo-se da sua realeza, expõe sua família e seu povo. Os troianos, convictos da sua superioridade, aceitam o "Presente de Grego".
Neste ponto a Ilíada destaca a soberba de Aquiles, que se pensava invencível e esqueceu de seu ponto fraco. E, por derradeiro, mostra que Ulisses, prepotente por tombar a grande fortaleza, desafia os deuses e, por isto, é condenado a vagar pelos mares sem conseguir voltar para sua terra.
Começa a Odisseia, onde, penso, a vaidade foi vencida pela humilde persistência, pois o herói obteve êxito quando se resignou.
No retorno a Ítaca, muito simbólico que o personagem seja, de pronto, reconhecido por seu cão, síntese da lealdade. Depois, o engajamento de Telêmaco nos planos de luta, em sintonia com o grande significado da cumplicidade familiar. Por fim, a significativa espera de Penélope, exemplo de amor e companheirismo.
(...)
É o que podemos desejar em qualquer travessia: um porto de chegada; encontar quem nos é leal; compartilhar planos com os confiáveis; a possibilidade de viver sentimentos verdadeiros. Sonhos homéricos...      







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