quinta-feira, 9 de junho de 2011

RIQUEZA ANDALUZ

Embarcado em um trem para Cádiz, depois de zanzar por Sevilha e visitado Córdoba, sinto-me compelido a escrever algumas linhas sobre a riqueza andaluz. Não, não está nas imponentes igrejas, nem nos palácios mouriscos ou castelos medievais, mas na cultura e no povo, gente encantadora consciente da sua diversidade.
À primeira vista, parece que os andaluzes querem briga. A título de exemplo, nos bares ou cafés atiram a louça com força contra os anteparos (balcões/pias), quebram o gelo como se estivessem esfaqueando um inimigo, olham para o cliente como se fossem dar-lhe um soco no primeiro vacilo... Mas daí, começam a prosear (com um acento quase incompreesível) e se mostram calorosamente amistosos, fazendo de tudo para enaltecerem sua cultura e suas referências históricas (não raro se vê um garçom cantando flamenco).
Fiquei boquiaberto quando um segurança de uma catedral demonstrou que reverenciava os árabes e sua contribuição para a identidade local; me encantou quando um transeunte demonstrou orgulho (e conhecimento) quando lhe perguntei, em frente à estátua de Averróis, onde haveria uma homenagem a Avicenas.
Com todo o respeito e consideração a tudo que já vi na Península, agora cheguei na Espanha do meu imaginário, pulsando o flamenco cigano, a atitude íbera, o olhar mouro... Universalmente plural.
Rico sou eu de estar desfrutando desta fortuna, sem poder oferecer muito em troca, além do meu agradecimento e dos singelos versos que intitulo "Semblantes":

Íberos, celtíberos, suevos
Mouros... e tantos mais
Quais seriam os primevos
A resposta não satisfaz
Porque são revezos
Em presença fugaz

Hoje, faróis acesos
Da altera paz
Em claros enlevos
Com o plural sagaz
Por vezes em sublevos
São andaluzes em cartaz










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