Este blog registra caminhos, culturas, personagens e impressões vivenciados durante um período sabático empreendido com o intento de conhecer os efeitos do nomadismo na experência humana. Seguramente se trata de repertório parcial, vinculado a escolhas acumuladas durante uma história pessoal pautada por descontinuidades e rupturas contundentes.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
UM CAMINHO, UMA VIDA
Dia 26. Eis-me em recuperação de uma tendinite, na pequena cidade Hospital de Órbigo (o nome é bem sugestivo, do menor ayuntamento de toda a Espanha). O hospitaleiro, Chema, um rastafari de Zaragoza, está no Caminho há mais de um ano, isto porque faz longas paradas nos albergues, onde trabalha e depois prossegue - diz que tem bastante tempo até o final da vida. E aqui cabe sintetizar-se uma reflexão iniciada há aguns dias, partindo do pressuposto de que o Caminho de Santiago pode ser traçado como um paralelo da vida (Chema o traça como se fosse a própria - isto é mais ousado)... São 790 Km, e cada 10 equivaleria a um ano de existência, assim desfrutada: nos primeiros 30 Km, se firma o passo, empolgado com a experiência bípede; entre 30 e 200 Km, com o vigor da juventude, se vai muito rápido; depois, até os 400, a boa comida e a boa bebida nos cativa e se vai diminuindo o ritmo; na fase seguinte, recupera-se os hábitos saudáveis, para, aos 500 ou 600 Km, depois de venturas e desventuras, sentir o peso da idade no Caminho; então, é hora de parar, cuidar da saúde para prosseguir sereno, lépido e faceiro ao destino, sem pressa e sentindo o valor de cada passo dado e por dar, sempre honrando a vida. Buon camino! Y buenas paradas!
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