terça-feira, 26 de abril de 2011

REALIDADE, MITOS E MISTICISMO

Até o momento, o caminho se apresenta como três experiências: uma concreta; uma mítica; e, por óbvio, a experiência mística.
Concretamente, existe um excesso de realidade no caminho. O peso da mochila (e a inevitável e constante pergunta do que realmente precisamos); o estado do corpo, principalmente os pés (que vao acumulando bolhas e outras dores); os lugares ideais para descanso (tem que se chegar cedo nos albergues, pois existem limites de vagas...). Mas este teor excessivamente concreto nos permite abstrair, principalmente quando se está caminhando (a mente voa...).
Miticamente, se está percorrendo o caminho de Santiago (o apóstolo), de cavaleiros templários, peregrinos que foram beatificados (Santo Domingo, San Juan de Ortega...), ou consagrados (alguns escritores, por exemplo)... Sao monastérios, claustros, castelos, fortalezas... que sao vistos hoje e também o foram há séculos. É de se acrescer que se trata de um "Itinerário Cultural Europeu", e, portanto, de um mergulho em espaços de grande significado histórico.
No campo místico, buscando-se um liame direto com um ser supremo, a experiência é forte. Mas creio que a força maior vem do próprio exercício metódico e dos devaneios que mencionei acerca do plano concreto; nos conectamos com o básico da vida (o ato de tomar água ganha enorme importância, pois um vacilo pode desencadear em resultados idesejáveis que malograriam a empreitada - a tendinite é um deles). Mas, também a convergência de objetivos daqueles que estao por aqui potencializa a experiência mística; todos buscam algo, todos deixam algo, todos se concentram na existência (Alguns também no vinho, afinal, "sin vino no hay camino" - esta cunhei e pegou por aqui). Eu pessoalmente me propus a fazer o caminho (que é difícil) e isto me transporta para um desafio existencial de concluir tudo aquilo que dependa somente do meu esforço.

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