sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONTRIBUIÇÕES "NOMADO-SABÁTICAS"

Neste meu ano sem sede acabei por fixar um protocolo mínimo da rotina nômade: subir ao ponto mais alto e analisar o terreno; pisar no chão e percorrer os meandros concretos do espaço por ocupar, traçando um bom mapa do que realmente interessa; por fim, fazer as bases materiais para o aproveitamento dos recursos existentes.
Bem confiante no método exposto, sempre que possível o pus em prática Castelo São Jorge (Lisboa); La Giralda (Sevilha)... Kilimanjaro...
Nos exercícios constatei que o ano sabático em si cumpre a fase panorâmica do protocolo nômade no contexto geral da vida. É um mirante, uma forma de observar verticalmente para o mundo do qual se despede e para aquele em perspectiva; pode-se perceber o relevo das duas áreas e comparar as potencialidades.
Observei muito. Chegou a hora de sentir o chão e traçar a topografia do novo mundo, sem idealizações, mas confiante nas constatações registradas: o momento da síntese.
E a práxis? Estará impregnada de experiências muito ricas, pois não se sai impune de uma vivência desta magnitude. Desde a resignação peregrina (cristã, budista ou hinduísta) até a resolutividade maasai de eliminar os obstáculos (ainda que sejam leões), passando, é claro, por uma boa mediação negocial apreendida nas medinas.

E, para dar o merecido lirismo ao momento presente, alguns versos pontuais:

CORTE INCISIVO

Estar na estrada
Sem endereço
Ampla morada
Inestimável preço

Importante estada
No mundo avesso
À vida sediada
Ousado recomeço

Nessa empreitada
O corte é espesso
Na última camada
Da carne que forneço

Com lâmina afiada
Em golpe de apreço
A precisa espada
Diz-me o quanto cresço

















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